Adelídeo Ferreira de Almeida, o Seu Dedé, é raizeiro e sanfoneiro da Chapada dos Veadeiros. Nasceu em 1956, às margens da antiga cachoeira de São Miguel, hoje conhecida como Volta da Serra, e mora na Vila de São Jorge, distrito de Alto Paraíso de Goiás, onde passou a maior parte da vida. Trabalhou no garimpo a partir dos 12 anos, idade em que começou a aprender com a mãe os segredos das plantas, ervas e raízes.
Ela o levava quando ia ajudar as mulheres a botar menino no mundo. No caminho, pelas trilhas, pedia ao filho pra arrancar uma raiz aqui e ali. Ele retrucava: "Só faço se a senhora me disser pra que serve". Assim foi aprendendo. “Ela me falava assim: vou te ensinar, mas com o que você aprender, não seja egoísta. Tem que passar para os outros. Pessoa egoísta não ganha o reino do céu, meu filho”, relembra Seu Dedé.
Se assim mesmo for, o lugar dele está carimbado lá em cima. Com paciência, voz mansa e sorriso no rosto, ele tem na ponta da língua os usos de cada raiz e na ponta dos dedos a destreza para descascá-las e preparar os remédios. Cura de uma simples dor de garganta (o alcaçus que é bom) até dor nas costas (canela d'ema é imbatível) e pedra nos rins (trabalho para o araticunzinho). "Eu faço a garrafada (as raízes no vinho branco, que as conserva), mas se não tiver fé, não adianta. É Deus que opera, sou só um instrumento dele".
As garrafadas de Seu Adelídeo são feitas por encomenda. Depois de uma semana preparada, tem que tomar quatro vezes por dia: antes do almoço, antes da merenda, antes do jantar e antes de dormir. Até a garrafa acabar. "Dois dedinhos, hein. Porque é remédio, não é farra, não", avisa.
Nas horas vagas, é na viola caipira e na sanfona que encontra mais alegria ainda. Está presente no Encontro de Culturas e sendo anfitrião de bailes animados no palco da Casa de Cultura Cavaleiro de Jorge, os famosos "Bailes do Seu Dedé". Nas ocasiões, convida os amigos músicos da Vila para uma noite encantada, com muita música e um forró gostoso pra dançar no salão. Carisma não falta a Seu Dedé, muito menos disposição!
Conheça mais sobre ele nos vídeos do OYÁ Coletivo, coletivo audiovisual da Vila de São Jorge, que atua na área audiovisual com o objetivo de preservar e conhecer o bioma Cerrado por meio da disseminação da cultura tradicional.