Ana do Coco

Ana Rodrigues da Silva, conhecida como Mestra Ana do Coco, nasceu em 15 de dezembro de 1962, na comunidade quilombola Ipiranga, no município de Conde (PB). Filha da Mestra Dona Lenita (in memoriam) e neta de Dona Lina Rodrigues e Seu Zé Pequeno, é uma mulher negra quilombola, artesã, atriz, escritora, militante pelo território, ativista cultural, liderança comunitária e educadora. Desde a infância, cresceu imersa na tradição do coco de roda, criando cocos junto à mãe e aprendendo com os saberes transmitidos pelas gerações mais velhas.

Mestra Ana é uma figura fundamental na preservação e difusão da cultura quilombola na Paraíba. Sua trajetória é marcada pela valorização dos saberes tradicionais e pela militância em defesa da identidade e dos direitos das comunidades negras.

Em 1984 e 1985, junto à sua mãe Dona Lenita, liderou o movimento de retomada do coco de roda e da ciranda na região. Essa prática, com mais de 200 anos de existência, foi revitalizada por meio da união de mestres tocadores como Mestre Luiz de França, familiares, jovens e crianças, garantindo a transmissão intergeracional dessa tradição.

O trabalho resultou no fortalecimento comunitário e no reconhecimento nacional. Em 2010, o grupo recebeu o Prêmio Cultura Viva/MINC, e em 2017 foi agraciado com o Prêmio Leandro Gomes de Barros, concedido pelo Ministério da Cultura.

O grupo Coco de Roda Novo Quilombo

Atualmente, Mestra Ana coordena o Coco de Roda Novo Quilombo, que mantém viva a tradição do Coco Praieiro de umbigada, com fortes influências dos povos bantos e indígenas. O grupo promove a Festa do Coco, realizada mensalmente, reunindo grupos tradicionais da Paraíba e de outros estados, povos de terreiro, agentes culturais, comunidade local e turistas.

Esse trabalho consolidou-se como uma das principais ações de difusão, transmissão e salvaguarda do coco de roda, transformando a comunidade do Ipiranga em referência cultural para o município de Conde e para o estado da Paraíba.

Além da atuação cultural, Mestra Ana é educadora e multiplicadora de saberes. Por meio do projeto Clamores Antigos, promove atividades com crianças e jovens, incentivando o conhecimento sobre a história e cultura afro-brasileira e africana, estimulando o protagonismo juvenil e fortalecendo vínculos comunitários.