Auristela Mello Ferreira é uma mulher negra, mãe de sete filhos, nascida e criada no Axé do Batuque do Rio Grande do Sul, tradição à qual se dedica desde a infância. Filha carnal de Walter Calixto Ferreira, o Mestre Borel (in memoriam), e de Leda de Paula Mello (in memoriam), é também bisneta paterna de Magaliala, mulher negra escravizada, e neta de Guiomar Eulália Calixto, negra liberta, carregando consigo uma forte ancestralidade de resistência e espiritualidade.
Com 53 anos de idade, é Yalorixá e conduz seu terreiro no bairro Restinga, onde reside, mantendo viva a tradição do Batuque, em profunda ligação com os Orixás, a natureza e o meio ambiente. Além da liderança religiosa, atua como oficineira de dança afro, compartilhando saberes e práticas corporais ligadas à ancestralidade, e também como palestrante, multiplicando conhecimento sobre cultura, religião e identidade negra.
Sua trajetória também se conecta à cena nacional do candomblé e do batuque. Junto a seu pai, Mestre Borel, participou por três anos consecutivos do Festival Internacional de Alabês, Xicarangomas e Runtós – Alaiandê Xirê, realizado no Terreiro Opô Afonjá, em Salvador (BA), fortalecendo a troca entre mestres, casas e tradições de diferentes regiões do Brasil.
Auristela Mello Ferreira segue afirmando seu papel como Yalorixá, educadora e guardiã da memória ancestral, inspirando novas gerações a reconhecerem na cultura de matriz africana um caminho de pertencimento, respeito e fortalecimento da identidade.