Boi de Zabumba
Cultura tradicional

Boi de Zabumba

O Boi de Zabumba tem suas origens no município de Guimarães, na baixada maranhense. O sotaque de zabumba tem a singularidade de manter os saberes técnicos originais, como a comédia, os personagens, o toque, os cantos e as danças, além da tradicional indumentária, roupas aveludadas, chapéus com fitas e saias bordadas.

É tocado com zabumbas rústicas (feitas a mão, de madeira retirada do mangue em data certa, com lua apropriada), arrochadas na corda. Os pandeiritos são feitos de jenipapo e cobertos com couro. As roupas possuem uma riqueza de detalhes bordados em miçangas e canutilhos. Este Boi, em especial, apresenta um modo único de tocar e afinar os instrumentos.

O sotaque de zabumba caracteriza-se pela presença das próprias zabumbas, além de outros instrumentos de percussão: tambor-de-fogo, tamborinho ou pandeirinho, tambor-onça, maracás e apitos. Eles dão a sonoridade ao ritmo forte.

Os brincantes dividem-se nos papéis de amos, indígenas, rajados, vaqueiros, palhaços, pais Francisco, Catarinas e outros cômodos, assim como o próprio boi. Segundo a opinião corrente em São Luís, são os grupos do sotaque de zabumba os mais apegados às tradições cômicas de representação do auto do boi e de outras histórias sobre temas variados.

Fortemente estigmatizados, quer pela ancestralidade, quer por processos vinculados ao sistema de políticas culturais atuais, os Bois de Zabumba praticamente desapareceram do cenário maranhense. Percorrer as trilhas desta manifestação cultural/musical é trilhar caminhos históricos de perseguição, hibridismo, dinamismo, relacionados à identidade brasileira como um todo e a formação musical local.

No ano de 1994, o mestre Basílio Durans criou o Festival Bumba Meu Boi de Zabumba, que, desde então, acontece todos os anos, com a proposta de resgatar as raízes do sotaque Zabumba, que esteve em declínio e quase foi extinto. Em 2016, o evento venceu o Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), na categoria ‘Iniciativas de excelência em técnicas de preservação e salvaguarda do Patrimônio Cultural’.

O BUMBA-BOI NO MARANHÃO

A brincadeira do Bumba-Boi, existente em grande parte do Brasil, possui significado especial no Maranhão, quando os “bois” saem durante os festejos juninos para cumprir promessa: os couros são trocados, são encenados os autos (ou comédias), numa verdadeira teatralização do hibridismo que veio dar corpo à cultura brasileira. A base do boi é a história da grávida Catirina e seu desejo de comer a língua do boi alegre e dançante do patrão de seu marido. O boi é hoje um dos maiores elementos da história oral nordestina.

O Complexo Cultural do Bumba Meu Boi do Maranhão foi registrado pelo Iphan como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil no ano de 2011. O Bumba Meu Boi é uma manifestação popular em homenagem a São João, protetor dessa tradição. 

Os sotaques mais conhecidos são matraca, zabumba, orquestra, baixada e costa de mão. 

BOI EM GUIMARÃES

Damásio, terra doada ainda no século XIX pelo antigo senhor de engenho Manoel Martins aos seus escravos é o local de origem do Boi de Guimarães, um dos Bois mais antigos do Maranhão, que deu origem a um sotaque: o sotaque de Guimarães. Toda a região da Baixada (incluindo Guimarães, Mirinzal, Cururupu, Central,  Viana e outros municípios) é conhecida e respeitada, sendo o local de origem, segundo relatos orais, do Bumba Boi no Maranhão. 

Ali a brincadeira de Bumba-Boi é praticada extensamente, sobretudo nos povoados rurais, as denominadas “terras de preto”, possuindo fortes vínculos com a população negra do Maranhão - num primeiro momento escravizada e posteriormente liberta.

O dono da brincadeira do Boi de Guimarães, Sr. Marcelino Azevedo, manteve até o dia de sua morte, em 2006, a tradição herdada de seus pais e avós, cuja memória local remete a uma ancestralidade africana e ibérica, seja pelo culto ao animal, seja pela forte oralidade musicalizada nestes espaços. Marcelino Azevedo é um dos maiores mestres da cultura popular brasileira, mesmo após sua passagem.

***Com informações do site do Iphan.

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