O Bongar foi criado sob a cultura de resistência do terreiro Xambá, que fica no Quilombo do Portão do Gelo, em Olinda. Fundado em 2001, o grupo tem um trabalho voltado para a preservação e divulgação da cultura pernambucana, sobretudo a festa do Coco da Xambá, que se realiza na comunidade há mais de 40 anos e que representa uma vertente desse ritmo tão presente no Nordeste do Brasil.
Com forte musicalidade, advinda de diversas influências musicais vivenciadas nos cultos afro-brasileiros, o Bongar apresenta em seus shows toques, loas e danças do universo do candomblé. Além disso, tece um diálogo com a tradição musical de Pernambuco, tocando ritmos como a ciranda e o maracatu.
O grupo Bongar é formado por Guitinho da Xambá (vocal), Beto Black (vocal e ganzá), Nino do Bongar (vocal e abê), Memé Bongar (vocal, congas e ilú) e Thúlio (vocal e caixa).
Segundo Guitinho da Xambá, a música do Bongar é “profunda, sistemática, orgânica, pelo tempo que ela tem, de ser tradicional”.
Música que nasceu baseada nos cantos religiosos tradicionais do terreiro, que eram cantados nas festas, e em alguns cocos da festa do dia 29 de junho (festa do Coco da Xambá). “Para realizar qualquer ação, a gente comunica aos nossos ancestrais, nossos orixás. Para saber a cor do figurino, o nosso repertório. É um sistema muito complexo, mas pra gente é muito fácil, porque nascemos e crescemos dentro de uma comunidade que reproduz ritos há décadas”, explica Guitinho.
O grupo já tem cinco discos lançados: Bongar (2006); Chão Batido – Coco Pisado (2009); Festa de Terreiro (2013), Samba de Gira (2016) e Ogum Iê (2017).
O penúltimo álbum, Samba de Gira, celebra o universo afro-indígena brasileiro, já que no universo da jurema (culto afro-indígena presente em diversos terreiros do Nordeste) a Gira é a reunião dos mestres, mestras, caboclos e outras entidades, tendo o canto como elemento principal da celebração. “É o encontro de dois mundos: o espiritual e o carnal, mediado por elementos da natureza e pela música”, conta Guitinho de Xambá. Ele completa:
“Eu queria conectar dois mundos com os quais convivemos diariamente na Xambá, tendo a música tradicional como o fio condutor, nos mostrando o quanto, ao conectarmos nossa espiritualidade, somos capazes de revelar uma criatividade em parceria com o legado cultural que herdamos dos nossos ancestrais”.
Já o quinto CD do grupo, Ogum Iê, foi produzido pelo maestro baiano Letieres Leite. É um trabalho recheado de religiosidade, ancestralidade e tradição, com uma sonoridade contemporânea.
***Texto produzido com informações dos sites Outros Críticos, Sons de Pernambuco e Jornal do Comércio Online.