Comunidade Negra dos Arturos
Cultura tradicional

Comunidade Negra dos Arturos

A Comunidade dos Arturos, localizada em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, é uma comunidade familiar, tradicional, de ascendência negra, formada pelos descendentes e agregados de Arthur Camilo Silvério e Carmelinda Maria da Silva. No cotidiano do grupo são mantidas diversas expressões culturais, como tambores, batuques, Folia de Reis, Candombe, Reinaldo de Nossa Senhora do Rosário, Festa da Abolição e Festa do João do Mato.

A comunidade resguarda celebrações que refletem suas crenças e aspectos históricos sociais. A Festa de 13 de Maio se consolida como momento em que se comemora a libertação dos negros escravizados, quando as guardas de Congo e Moçambique se apresentam em louvor à Nossa  Senhora do Rosário. 

A HISTÓRIA

 A Comunidade Negra dos Arturos foi fundada na década de 1940 pelo casal Arthur Camilo Silvério e Carmelinda Maria da Silva. Arthur Camilo é filho de Camilo Silvério, homem nascido escravo na região Sul da África e traficado ao Brasil. Beneficiado pela Lei do Sexagenário, Camilo Silvério foi alforriado antes da Abolição da Escravatura e comprou a propriedade onde hoje se encontra a Comunidade Negra dos Arturos. 


Arthur Camilo e Carmelinda tiveram dez filhos, dando origem, junto à outra família que também se mudou para a propriedade na época, ao tronco familiar que hoje une quase 500 Arturos. Ainda que tivesse nascido alforriado, Arthur Camilo trabalhava em regime de escravidão na fazenda de seu padrinho. Ao saber da morte do pai, Arthur pediu permissão ao padrinho para ir ao seu enterro. A permissão foi negada e, diante da insistência dele, seu padrinho açoitou-o com violência desmedida.

Foi este episódio que motivou a fuga de Arthur e a ideia de viver em comunidade com sua família de forma isolada para se protegerem das violências praticadas contra eles naquele período. 

Arthur tinha grande amizade com Zé Aristide, o “Chefe Supremo do Congado no Brasil”. Foi dele que os Arturos herdaram as guardas de Congo e Moçambique e é também a ele que os Arturos prestam homenagem quando se referem às tradições herdadas de seus ancestrais. 

Isolados do mundo externo, as horas livres da família foram preenchidas com as tradições ensinadas por Arthur Camilo e Zé Aristide. Foi neste ambiente que os Arturos da segunda geração aprenderam as tradições hoje preservadas pela Comunidade.

A Comunidade Negra dos Arturos participou do XV Encontro de Culturas Tradicionais da Chapada dos Veadeiros, em 2015.

REFERÊNCIAS

NUNES, Raquel Rocha; CHAVES, Elisângela. Lazer e Cultura: O Cotidiano da Comunidade dos Arturos. LICERE-Revista do Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Estudos do Lazer, v. 22, n. 1, p. 231-262, 2019. https://periodicos.ufmg.br/index.php/licere/article/view/12321

VIEIRA, Camila Camargo. No giro do rosário: dança e memória corporal na comunidade dos Arturos. 2009. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo. http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8134/tde-04052010-114040/en.php


   

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