Da cidade de Uberlândia (MG), o Congo Marujo Azul de Maio nasceu no Bairro Roosevelt, em 1982, pelas mãos de Rubens, o “Rubico”, de sua esposa Márcia Helena e do primo dela, José Renato. O Capitão Rubens conta que, em Uberlândia, a Congada começou por volta de 1874, com um escravo, e até hoje seus descendentes continuam festejando.
O Congo surgiu pela percepção de que no Setor Norte da cidade já não existia mais nenhum grupo. No primeiro ano, conseguiram reunir 26 pessoas. Atualmente, o grupo conta com cerca de 400 integrantes, que cantam para Nossa Senhora do Rosário e São Benedito nos dias dos festejos.
“Balança meu barco balança,
Balança nas ondas do mar,
e traga o manto para ela
Nossa Senhora eu quero coroar”…
As cores do Congo são azul turquesa e branco. Alguns dos ritmos tocados são o Congo, a Embolada, o Rojão e a Marcha. O grupo utiliza a caixa, o tamborim, o reco-reco e o pandeiro para fazer sua música.
Os ensaios acontecem no “quartel” (morada do capitão). O festejo anual acontece no segundo domingo de outubro, com o dia 5 dedicado a São Benedito e o dia 7 dedicado a Nossa Senhora do Rosário. No dia da Festa de Nossa Senhora do Rosário, o terno atravessa várias ruas da cidade até se concentrar na Praça Cícero Macedo, em frente à Igreja do Rosário.
Além dos festejos à Senhora do Rosário e a São Benedito, o grupo também desenvolve um trabalho social, oferecendo aos jovens da comunidade oportunidade ocupacional e artística, visando também a continuidade dos trabalhos do Congo pelas novas gerações. O Capitão Rubens salienta a importância desse trabalho com os jovens, muitos deles em situação de risco, convivendo com a violência. Realizado em parceria com as escolas, os alunos precisam apresentar o boletim escolar: “quem tiver nota vermelha não entra, só no ano que vem”, acrescenta o Capitão do Congo. São oferecidas atividades de formação artística, com aulas de capoeira, dança de rua, dança de salão, reforço escolar, penteado afro, artesanato e violão.
O Congo participou do V Encontro de Culturas, em 2005. Veio com 55 pessoas, entre eles muitos jovens. No repertório, músicas tradicionais e composições novas, de autoria dos capitães e de outros integrantes, foram acompanhadas pelo som de instrumentos artesanais de fabricação própria.
REFERÊNCIAS
SILVA, Vívian Parreira da et al. Do chocalho ao bastão: processos educativos do terno de congado marinheiro de São Benedito Uberlândia-MG. 2011. https://repositorio.ufscar.br/handle/ufscar/2587
BRASILEIRO, Jeremias. Aspectos Socioculturais do Congado de Uberlândia: cultura, tradição, modernidade. Revista de Educação Popular, v. 8, n. 1, 2009. http://www.seer.ufu.br/index.php/reveducpop/article/view/20070
KINN, Marli Graniel. Negros congadeiros e a cidade: costumes e tradições nos lugares e nas redes da congada de Uberlândia-MG. 2006. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo. http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8136/tde-19072007-104139/en.php