Dércio Marques
Cultura tradicional

Dércio Marques

Embora tenha nos deixado em 2012, Dércio Marques sempre vai encantar gerações com sua voz e viola. Com suas letras sempre relacionadas ao meio ambiente e às questões sociais, um dos mestres da viola, mostrava como a arte fazia parte de sua vida. A infinidade de temas abordados era apresentada por meio de um repertório totalmente improvisado, escolhido de acordo com o público presente.


Dércio Marques foi um violeiro, cantor, intérprete e compositor nascido em Uberlândia, Minas Gerais. Pesquisador das raízes musicais brasileiras e iberoamericanas (seu pai era uruguaio), teve em sua irmã Doroty Marques uma das principais parceiras de atuação e produção. Participou da produção musical de dezenas de discos de colegas músicos. Defensor da natureza e da cultura popular do Brasil, do bioma cerrado de sua infância em especial, que evocou em diversas de suas canções, acordes, toadas e parcerias.


Seu primeiro disco Terra, vento, caminho foi lançado pelo selo Discos Marcus Pereira, obra em que interpreta canções e poemas de Atahualpa Yupanqui, na ocasião praticamente inédito no Brasil, As Curvas do rio, do hoje célebre violeiro baiano Elomar, na época pouco conhecido e de sua própria autoria.


Em 1979, lançou pelo selo Copacabana o disco Canto forte-Coro da primavera, com produção de Doroty Marques e a participação de Irene Portela, Toninho Carrasqueira, Zé Gomes, Marco Pereira, Paulinho Pedra Azul, Orquestra de violas de Osasco (54 violas), Oswaldinho do Acordeon, Heraldo, ex-integrante do Quarteto Novo e regência do Maestro Briamonte.


Lançou Fulejo, que é um disco inspirado na tradição das congadas de Minas Gerais e trouxe ao público músicas brasileiras como Riacho de Areia (Vale do Jequitinhonha), Serra da Boa Esperança (Lamartine Babo), Disco Voador (Palmeira Guimarães), Casinha Branca e Ranchinho Brasileiro (Elpídio dos Santos), Mineirinha (Raul Torres) e Flores do Vale, em parceria com o poeta João Bá.


Ainda entre seus parceiros ou companheiros de shows destacam-se João do Vale, Paulinho Pedra Azul, Luis Di França, Pereira da Viola, Fernando Guimarães, Dani Lasalvia, Xangai, Guru Martins, Hilton Accioly, Carlos Pita, Milton Edilberto, Luiz Perequê e Diana Pequeno.

Depois da bem sucedida gravação do disco infantil Anjos da Terra, em homenagem à sua filha Mariana e a todas as crianças, foi indicado em 1996 para o prêmio Sharp de melhor disco infantil com Monjolear, gravado em Uberlândia em longo processo de oficinas de música com sua irmã Doroty e a participação de 240 crianças.


Em seu disco Folias do Brasil de 2000, ano de comemoração dos 500 anos da chegada dos portugueses ao Brasil, registra aspectos das seculares tradições da folia de Reis e do Divino. Segundo o Prof. Agostinho da Silva, elas tiveram origem em Portugal no século XIII, foram banidas pela Igreja Católica no tempo da Inquisição, migraram para as ilhas de Açores e chegaram ao Brasil com os povos açoreanos, espalhando-se por todas as regiões do País, principalmente nos estados de Santa Catarina, Minas Gerais, Goiás e Rio de Janeiro.

Discografia

  • Terra, vento, caminho (1977) Marcus Pereira LP
  • Canto forte / Coro da primavera (1979) Copacabana LP
  • Fulejo [1983] LP
  • Segredos vegetais [1986] LP duplo
  • Anjos da Terra [1990] LP
  • Anjos da terra [1993] CD
  • Espelho d'água [1993] CD
  • Monjolear (1996) CD
  • Cantigas de abraçar [1998] CD
  • Cantos da Mata Atlântica [1999] CD
  • Folias do Brasil [2000] CD
  • Fulejo [2003] CD
  • Segredos Vegetais [2003] CD
  • Canto Forte [2003] CD


   

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