Mestre Zé Bolo
Personagem

Mestre Zé Bolo

José Pinheiro de Freitas, conhecido como Mestre Zé Bolo, nasceu em 1955 no Seringal Belo Monte, no rio Azul, afluente do Moa, em Mâncio Lima (AC). Filho do povo Nawa, cresceu entre os seringais e as festas da floresta, onde a música se tornou sua grande companheira desde cedo. Cantor, compositor e percussionista, é guardião da tradição oral e uma das vozes mais expressivas da memória e da resistência cultural da Amazônia acreana.

Sua obra traz a poética da vida nos seringais: histórias de amor, de festas, da luta pela terra e do êxodo dos povos indígenas para as cidades. No repertório de Zé Bolo estão canções que se tornaram referência da música tradicional do Acre, como “Novo Segredo”, “Xote da Picada”, “Rio Jurayá” e “Lá Onde Eu Moro Não Existe Guerra” — esta última considerada um verdadeiro hino de sua trajetória.

Além da vida de artista, Mestre Zé Bolo foi seringueiro, mateiro e participou das demarcações de fronteira. Atuou também na Aliança dos Povos da Floresta, ao lado de Chico Mendes, reforçando seu compromisso com a defesa da terra, da floresta e dos direitos dos povos originários e extrativistas da região.

Ao lado da esposa Judite Kaxinawá, filha do cacique Suero, uma das grandes lideranças indígenas do Acre, dedica-se ainda à cadeia produtiva da tecelagem Huni Kuin e à preservação das práticas musicais em Tarauacá, cidade onde vive e onde é reconhecido oficialmente como Mestre de Saberes Tradicionais.

Com sua voz, seus tambores e suas composições, Mestre Zé Bolo mantém viva a memória coletiva da floresta e projeta sua arte como símbolo de resistência, identidade e continuidade cultural dos povos amazônicos.

   

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