Orquestra Popular Marafreboi
Cultura tradicional

Orquestra Popular Marafreboi

A Orquestra Popular Marafreboi nasceu da junção de amigos, todos músicos, em torno da cultura popular brasileira. Vindos de diversas partes do país como Pernambuco, Alagoas, Rio de Janeiro, Paraná e Bahia, os músicos se conheceram em Brasília e logo se afinizaram. "A gente sentiu a necessidade de preservar os ritmos tradicionais. Todos nós já tocávamos na noite, em orquestras, bares, e aí decidimos formar a orquestra com esse enfoque popular. Brasília é feita a partir de um mosaico de culturas. Tem gente de várias culturas, de vários lugares, e então resolvemos fazer esse hibridismo cultural na orquestra, principalmente de releituras desses gêneros", explica o Maestro Fabiano.

Algumas vezes a palavra orquestra assusta um pouco o público, que já traz a ideia de algo lírico, clássico. Porém a Marafreboi quebra completamente esses paradigmas, tanto nos instrumentos quanto nos ritmos e na parte visual dos shows. "Realmente, quando o pessoal vê o nome orquestra, as vezes se assusta, acham que vamos tocar alguma coisa clássica. Mas quando as pessoas começam a ver que a gente toca um negócio animado, pra cima, muita música boa pra dançar, baião, forró, samba e principalmente o frevo, isso anima pra caramba a galera", afirmou o saxofonista Robson Machado. "A gente, quando vai tocar em palco, acha que se a gente senta, a gente enrijece. Então, a gente tocou de pé, de frente pro público, pra mostrar que a gente tá integrado com a plateia. E aí também a ousadia de descer e fazer um arrastão, um cortejo, deixa a coisa mais acalorada, né?", complementou o Maestro, sobre a noite de apresentação no Encontro em 2010.

Conhecida como a única Orquestra do Centro-Oeste com foco no cancioneiro popular, a Orquestra Popular Marafreboi, apresenta canções com base em instrumentos de sopro, acompanhada de um corpo de balé exclusivo. A atenção a gêneros como o maracatu, a catira, a ciranda e o bumba-meu-boi faz do repertório do grupo um trabalho que zela pela preservação do acervo popular e das tradições envolvidas. O nome do grupo “Marafreboi” vem justamente da junção de Maracatu, Frevo e Bumba-meu-boi.

A Orquestra conduz, na periferia da cidade satélite de Brasília, Ceilândia, o projeto “Menino de Ceilândia”, que, junto à Associação Carnavalesca local realiza um projeto de música com os jovens da comunidade. A ação social e o desempenho musical da Orquestra tornaram o grupo uma das revelações da música instrumental do Distrito Federal.

ENCONTRO DE CULTURAS

O som dos primeiros acordes da orquestra chamou a atenção do público, que foi se aproximando aos poucos, enchendo a quadra na qual, até poucos minutos antes, as crianças corriam livremente. O frio da noite não assustou os músicos, que logo puseram todos para dançar ao som de ritmos populares como frevo, cavalo-marinho, samba, coco e maracatu. Esta é a Orquestra Popular Marafreboi, que abriu a noite de terça-feira, 27 de julho de 2010, no palco principal do X Encontro de Culturas Tradicionais da Chapada dos Veadeiros.

Nos instrumentos usados já é possível notar que não é uma orquestra comum. Baixo, bateria, percussão, além dos metais como saxofone, trompete e trombone. Os ritmos também não são comuns em uma orquestra. A Marafreboi se dedica a fazer releituras musicais usando o que há de mais brasileiro, principalmente sons nordestinos. A parte visual das apresentações completa as inovações. A cada música, um trio de dançarinos  dava uma amostra  de como se dança o ritmo executado pela orquestra. "A cultura popular tem a coisa da dança e da musicalidade sempre presente e interligado. A cultura popular tem isso de ser interligada", explicou Ângela Amoras, dançarina da orquestra.

Durante toda a apresentação o público embarcou nos ritmos da Orquestra Popular Marafreboi, pulando e dançando ao som de samba, baião, forró, caboclinho e frevo. A música "Quem me deu foi Lia" foi o toque que faltava para que todos dessem as mãos e abrissem uma grande ciranda. Todas as idades se uniram nessa grande confraternização. Ao centro uma roda só com crianças, circundada por outras duas cirandas. "Já nos apresentamos para diversos públicos, mas a energia aqui foi linda", comentou a dançarina ao se lembrar desse momento.

A recepção do público à orquestra é sempre uma coisa que os músicos fazem questão de destacar. "A recepção do público é muito grande, é sempre uma recepção muito calorosa. Foi até uma ideia do maestro, de estar sempre variando ritmos, pesquisando, pra ter sempre essa interação da orquestra com o público", comentou Marcos Nunes, trompetista da orquestra.

Com o público já aquecido e ambientado a esse estilo diferente de orquestra, os músicos tocaram o tradicional frevo. Movida pela energia do público, a orquestra decidiu fazer um arrastão na quadra. Os músicos desceram do palco tocando seus instrumentos, e sob a regência do Maestro Fabiano Medeiros saíram em meio às pessoas tocando sem parar, dando uma volta na quadra, fazendo com que todos os seguissem. "Foi um clima de carnaval de Olinda, como se estivéssemos indo atrás das bandas de frevo, só que em menor escala, lógico", brincou a estudante Simone Carneiro. Foi nesse clima de carnaval fora de época que a Orquestra Marafreboi encerrou sua apresentação, deixando o público já aquecido para os shows que viriam na sequência.

Texto do repórter do Encontro em 2010, Vitor Santana.

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