Isabel Casimira Gasparino é Rainha de Congo (ou Rainha Conga) das Guardas de Congo e Moçambique Treze de Maio de Nossa Senhora do Rosário e da Federação dos Congados do Estado de Minas Gerais, cargo mais alto na hierarquia dos Reinados em sua região. Herdeira de uma linhagem de mulheres mestras, Isabel sucedeu sua mãe, Dona Isabel Casimira das Dores, e sua avó, Dona Maria Casimira, fundadora do Reino Treze de Maio em 1944, dando continuidade a uma tradição ritual e cultural afro-brasileira de matriz Bantu.
Criada no ambiente ritual da Irmandade Treze de Maio de Nossa Senhora do Rosário e do Centro Espírita São Sebastião (fundado em 1933), Isabel tornou-se guardiã de práticas sagradas que envolvem cortejos, danças, cantos, rezas e a produção de elementos rituais como ornamentos, fardas, bandeiras, instrumentos e andores. Sua missão é zelar pela permanência da raiz, expressão que sintetiza seu compromisso com a continuidade e valorização das tradições herdadas.
Além de mestra do Reinado, Isabel é pesquisadora, cineasta e educadora. Foi co-diretora do filme “A Rainha Nzinga Chegou”, rodado entre Brasil e Angola, vencedor de prêmios em 2019 como Melhor Longa-Metragem na Mostra de Cinema Negro Adélia Sampaio (UnB) e no 19º Festival Panorama Internacional de Cinema da Bahia, além de receber Menção Honrosa no Prêmio Pierre Verger da ABA (2018).
Sua trajetória é marcada por diversos projetos de documentação, formação e difusão cultural, entre eles:
Isabel é também mestra convidada da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tendo ministrado disciplinas no Programa de Formação Transversal em Saberes Tradicionais e participado como convidada em edições do Festival de Inverno da UFMG. Em 2023, foi responsável pela disciplina Saberes Tradicionais: artes e poéticas ancestrais – Reinado mineiro: cosmologias e performances afrodiaspóricas.
Com longa atuação em palestras, oficinas e cortejos no Brasil e no exterior (com destaque para viagens à França e à África/Angola), Isabel Casimira Gasparino se consolidou como uma das mais importantes referências femininas do Reinado mineiro, articulando fé, tradição e pesquisa. Sua vida é dedicada a garantir que as práticas de sua comunidade continuem a inspirar e a fortalecer a memória afro-brasileira.