O projeto Tambores do Tocantins tem como missão contribuir com a valorização e a preservação da cultura musical tradicional do Tocantins, desenvolvendo atividades de pesquisa, conhecimento, estudo, vivência e prática de tais manifestações, tornando esses saberes acessíveis ao maior numero possível de crianças, adolescentes e jovens estudantes. Para isso, foram implantadas oficinas permanentes, realizadas em parceria com associações comunitárias, escolas e universidades públicas, garantindo a inclusão social de crianças adolescentes e jovens e o acesso de suas comunidades aos bens de cultura.
A identidade do grupo se firma em colocar uma roupagem musical contemporânea nos ritmos tradicionais do Estado. A partir disso, são promovidas fusões entre as batidas típicas do Tocantins e as vindas de outros lugares. Assim, manifestações como a sussa, a catira e a roda se entremeiam no compasso do samba e do baião. Para Márcio Bello, idealizador do projeto, essa autenticidade é o que dá verdade ao trabalho dos músicos.
“A nossa diferença é essa identidade, os ritmos que são peculiares, os instrumentos que são peculiares, como o tambor de barro. A ideia é trabalhar esses ritmos conversando também com o maracatu, baião, xote, samba. A gente tem trabalhado em algumas misturas, tem o samba com a sussa, porque a sussa é o nosso samba, é o ritmo tradicional do Estado. E a gente tem isso dentro da nossa música”, comentou.
HISTÓRIA
Tudo começou em abril de 1992, quando o músico percussionista sul-matogrossense Márcio Bello, criador e coordenador do projeto, teve o primeiro contato com as manifestações tradicionais do Tocantins. Segundo Márcio, o projeto surgiu com uma ideia de pesquisa, sem o formato que tem hoje.
Márcio havia chegado ao novo estado há pouco mais de um ano e, depois de morar em Palmas por alguns meses, fixou residência em Porto Nacional, cidade centenária às margens do rio Tocantins, considerada historicamente como o berço da cultura tocantinense e lugar onde teve os seus primeiros contatos com músicos e artistas nativos. Depois de Porto Nacional, pesquisou outras cidades e suas peculiaridades, em especial Natividade, com mais de 300 anos de história. Ele conheceu a cidade durante os festejos do Divino Espírito Santo e, ao se deparar com os sons de pandeiros, sapateados, violas, caixas, tambores, músicas e ritmos, que até então pouco conhecia, se encantou.
Com a convivência e o aprendizado com os mestres e grupos tradicionais, percebeu que em algumas manifestações e elementos importantes, como instrumentos de percussão, estavam se perdendo pela falta de transmissão das técnicas de confecção. Assim, nasceu a ideia do Projeto Tambores do Tocantins. A princípio, como ferramenta de preservação e valorização da cultura e dos saberes musicais tradicionais do Tocantins. Consequentemente, como ferramenta de inclusão social de crianças, jovens, adolescentes e suas comunidades.
O Grupo Musical Tambores do Tocantins, é o resultado de todas as experiências vivenciadas no projeto. No palco, os jovens músicos tocantinenses mostram aforça dos ritmos e da pulsação do coração do Brasil.
COTIDIANO
A relação do percussionista com os jovens do projeto é íntima e mostra reciprocidade. Agindo como educador, Márcio Bello conta que alguns pais dos meninos do projeto o veem como um orientador na vida dos filhos. “Alguns pais já me falaram que eu ajudei a criar os filhos deles. A maioria dos meninos entram no Tambores ainda crianças e continuam durante muito tempo. Eu tenho integrantes aqui que chegaram no grupo com cinco, seis anos de idade”, conta.
O GRUPO
"Todo mundo que toca tem que aprender a construir seu próprio instrumento. Não se pode tirar nota baixa nem sair mal na escola". Estas são as exigências do coordenador Márcio Bello para os meninos que estão interessados em fazer parte do grupo oficial de tambores.
Além de incentivar os jovens nos estudos, Márcio também ajuda e ensina seus alunos a construírem os próprios instrumentos. Esse processo dá tão certo e é tão proveitoso, que hoje o grupo se apresenta com praticamente todos os instrumentos de fabricação própria.
Os instrumentos confeccionados pelo grupo, além de terem um caráter artesanal, prestam homenagens aos povos que ajudaram a consolidar a cultura do povo do Tocantins. Para isso, os tambores são criados com caras de indígenas ou negros. Existem ainda instrumentos esculpidos com imagens de animais, como anta, onça, preguiça e tamanduá.
O grupo Tambores do Tocantins é presença garantida no Encontro de Culturas Tradicionais da Chapada dos Veadeiros e parceiro dos projetos da Casa de Cultura Cavaleiro de Jorge. Participou de 2010 a 2016 e em 2019.