Benzedeira Dona Izabel
Personagem

Benzedeira Dona Izabel

Batizada Madalena Dias da Silva, a história de vida da benzedeira Dona Izabel é marcada por diversos obstáculos, todos superados pela força de sua fé e pela crença em sua missão. “Dona Izabel, como a senhora começou a benzer?”, perguntei. “Minha filha, já têm muitos anos. A gente aprende de criança, é a missão que a gente pega, não tem como a gente deixar. Quando eu tava na base dos 12 pra 13 anos eu aprendi a benzer criança, e de criança eu fui aumentando, aumentando pra benzer adulto. E com isso eu peguei essa fama de benzedeira. Eu tenho vontade de deixar, mas o povo não deixa. É a obrigação que a gente tem, o dom que a gente tem, tem que cuidar, né?”, respondeu com fala simples.

Baiana de nascimento, Dona Izabel foi criada em Goiás, na cidade de Niquelândia, onde aprendeu a benzer. “Quando eu mudei pra lá, em Uruaçu, foi na era de 1950”, contou. Quando perguntei se ela imaginava quantos ‘benzimentos’ já tinha feito, ela sorriu e disse: “Não tem quantidade, não tenho nem ideia de quantas pessoas já foi”. Requisitada em cidades e fazendas da região, a benzedeira reconhece sua profissão e atende a todos. “É acostumado eu sair fora, nas fazendas. Eu sou chamada nas fazendas, nas moradia das pessoas. Às vezes elas não pode ir lá em casa, aí elas me chama e eu vou nas casa delas. Sempre eu vou. A minha profissão é essa”, continuou.

Sobre a participação no Encontro de Culturas de Culturas Tradicionais da Chapada dos Veadeiros, Dona Izabel usou poucas palavras, mas a expressão de seu rosto mostrava sua satisfação e sua vontade de voltar. “Eu tô achando bom demais e eu quero voltar mais vezes. Que Deus e São Jorge me dê vida e saúde pra eu poder voltar aqui. Primeiro Deus, e depois São Jorge”, disse apontando para a imagem do santo.

Ela voltou em 2013, mais uma vez, acompanhada do Grupo de Folclore Serra da Mesa. Em todas as ocasiões, era sentada em uma cadeira próxima ao altar de São Jorge, na Casa de Cultura Cavaleiro de Jorge, que Dona Izabel, simpática e solícita, benzia e abençoava a todos que a procuravam.

*Entrevista de Giovanna Beltrão

   

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